Amar sem compromisso é entregar tempo, afeto, vida – tudo, sem a certeza de que a boca não secará após o último beijo. Último em sinal de cancelamento. E a reciprocidade, como garanti-la sem um acordo, sem a fé de que ambos sejam, cada qual, único para o outro? Quem se arriscaria a tanto e por quê?
Amar é rejuvenescer a cada manhã um compromisso. A mútua entrega aprofunda esse compromisso, fazendo com que dure enquanto durarem os dois. E o amante? Tal ser pode ser reconhecido apenas na conjugação do verbo amar. Mais ainda: ele o confunde com o verbo viver, numa aglutinação sem reservas. A ação de amar não se esconde em sombras. Tanto se fala em manifestações do amor que não se faz necessário explicar que sua natureza é inconfundivelmente pública. Na esfera dos amantes, há espaço para confissões; porém, jamais deveria ser o próprio amor confidencial ou secreto.
Numa classificação simples, pode-se dizer que existam dois amantes: o progressivo e o pleno.
O amante progressivo é protótipo, germe, grão. Em suas atitudes revelam-se as primeiras afeições. Ele amadurece na proporção da maturidade que ganha o relacionamento. E vice-versa. Calcula, respeitoso, a medida da união sem efetuá-la.
Ocorre, então, de haver sazão. Surge, ou antes, transforma-se o amante naquele outro tipo, o pleno: ama-se para a vida toda, e para cada pequeno momento de que a vida é composta. Os dois amantes são ungidos diante do altar de um Ser Todo-amoroso. Devotam-se a Ele, restringindo-se um ao outro. Vale dizer que esta restrição pressupõe profundidade.
Quando um homem conhece intimamente várias mulheres, nada conhece delas com profundidade; mas de uma mulher com a qual se convive, à qual se dispõe a amar, com a qual se partilhou momentos dos mais matizados diapasões, conhece-se até os sonhos que pingam a cada brilho do olhar.
O homem que por atributos pessoais seduziu mulheres e lhes proporcionou prazer, jamais poderia ser um amante para elas – porque não as amou. Deu-lhes prazer, é certo. Imprimiu lembranças extasiantes, está bem. Elevou-as ao panteão de deusas, sem um mol de santidade em suas afeições. Por isso, deixou-as, iconoclasticamente. Sem a satisfação da exclusividade, partilhou momentos que vão se perder. O vento entrará pela janela que só o compromisso fecharia. Em pouco, tudo voará para fora, espalhado, disperso.
Amante é a pessoa que ama outra.
A excelência do amor se acha na entrega total a alguém. A busca por receber prazer constitui-se em luxúria. Assim que os amantes e os luxuriosos se entregam a essas e àquelas experiências relacionais, que os distinguem radicalmente.
2 comentários:
Bom esse texto da pra você pensa um pouquinho pois sera que você é um amante?ou será que vc e apenas uma pessoa que esta em busca de relaçoes para se "divertir"?
Pensa um pouco.
BOM ESTE TEXTO DA PARA VOCÊ PENSAR UM POUCO, UM AMANTE SÓ É AMANTE SE VOCÊ AMA A OUTRA PESSOUA, E VOCE A AMA?? OU VOCE TA A BUSCA DE UMA NAMORADINHA SÓ PARA SE DIVERTIR UM POUCO?? PENSSA BEM. : LUANA OBRIGADO!!!.
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