33
anos antes. A pesquisa dos repórteres alemães Kai Herman e HorstRieck (revista Stern
)sobre usuários de Heroína se deparou com Christiane. Menina de pais
divorciados. Sem rumo, ela passou a frequentar a Gangue do Zoo (que
injetava a droga nos banheiros da estação de trem Banhof Zoo). Além de usuária,
Christiane se prostituía para continuar comprando Heroína. E isto aos treze
anos. Aquele achado humano extrapolou a matéria da Stern.
Surgiu um livro contando a vida da menina que Herman e HorstRieck entrevistaram
– “Eu, Christiane F., 13 anos, Drogada e Prostituída”. Lembro-me
do volume, que trazia na capa o rosto de uma moça desconcertantemente triste,
na estante da casa de meus pais.
Na
esteira do sucesso do livro, surgiu um filme homônimo. Com o ganho pelos
direitos autorais, a pequena Christiane tinha a oportunidade de largar a vida
miserável dos guetos. Mas não foi bem assim que a realidade se apresentou. Um
breve histórico da vida de Christiane mostra o que aconteceu:
1983: Christiane é detida no
apartamento de um traficante. Sai livre, mediante pagamento de fiança.
2005: Problemas circulatórios,
dependência de Metadona (analgésico que substitui a heroína em
tratamento para dependentes) e hepatite tipo C fazem parte do diagnóstico de
Christiane. Parecia não haver mais solução.
2007: Christiane, em entrevista ao
canal TV ARD, fala sobre sua recuperação e abandono completo da
dependência das drogas.
33
anos depois (2008). Após voltar de Amsterdã, aonde viveu uma conturbada
temporada com o amigo Joachim S. e o filho Jan-Nicklas (de 12 anos), Christiane
perde a guarda do menino. Segundo o depoimento de Joachim, Christiane, durante
o tempo na Holanda, bebia, fumava maconha e relegava o seu filho à companhia do
videogame. Posteriormente, repórteres do jornal B.Z. encontraram
adivinhe quem comprando a droga Rohypnol (semelhante à
Heroína)!…
Em
mais de 30 anos, com 15 internações e muitas recaída[1], Christiane Vera
Felschrinow ensina sobre o poder da vontade humana, que é tanto capaz de se
determinar a alcançar o que delibera, quanto de se acomodar e se quedar
vencida.
[1] Usei livremente as informações da reportagem
de Celso Masson, “De volta ao inferno”, in Época, nº 535, 18 de Agosto de 2008,
seção Primeiro Plano, 19-20.
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