Pelo celular, um pai ex-espião instrui a filha em viagem a Paris sobre o que fazer em face de um iminente e inevitável sequestro. Basicamente, este é o enredo de “Busca Implacável” (Taken, “tomada”, “levada”). Tudo indica que o filme será uma desesperada empreitada do pai, usando suas habilidades para resgatar a filha. Filmes de ação envolvendo espiões estão em alta (todos querendo ser Bourne, evidentemente). Pierre Morel, o diretor do longa, afirmou no makin-of que gravou as cenas de ação em tempo real, sem acelerar as câmeras, para garantir realidade (para dar aquele ar de documentário do já citado Bourne).
Mas o que me leva a comentar sobre o filme se deve mais às opções morais do pai-espião Brian (papel do eterno mentor Liam Neeson). A certa altura, ele recorre à tortura, levado pelo choque de encontrar a amiga de sua filha morta. O desenrolar do enredo leva o espectador a revoltar-se com os criminosos albaneses que atuam em Paris, seqüestrando moças estrangeiras, que são dopadas e depois coladas em prostíbulos, sem a menor condição de saber onde estão ou o que fazem. Por tudo isso, a reação de Brian até soa natural…
O filme incentiva uma espécie de revanchismo contra os direitos humanos; curiosamente, a vingança contra os criminosos é usar contra eles menos humanidade ainda. Seguindo uma linha bem próxima, um filme mais antigo, “O preço de um resgate”, colocava o espectador diante da seguinte situação: “O que eu faria se estivesse face a face com quem sequestrou meu filho?” Semelhantemente, Busca Implacável justifica suas ações violentas com a premissa de que qualquer pai faria o mesmo para encontrar sua filha e fazer seus sequestradores pagarem pelo que fizerem.
Eticamente, é questionável quando os fins validam os meios. Em certo sentido, esse embate é próprio de nosso tempo, quando se assiste a maior potência da Terra agir de forma desesperada em sua “Guerra contra o Terror”. Seria a tortura, tratamento desumano, a melhor forma de punir criminosos desumanos ou isso apenas revela que os americanos foram tão cruéis quanto aqueles que estiveram sob sua custódia? Deixo a resposta para os prisioneiros que viveram em Guantánamo.
Outra preocupação que tenho é quando saímos aplaudindo e torcendo para que personagens concretizem sua vingança; de alguma forma, o efeito desses sentimentos perpetua a distorção do senso de justiça que impera na sociedade contemporânea. Seria esse sentimento o reflexo de uma moral mais rigorosa contra a marginalidade, a ponto de negar eles direitos básicos? Será que a solução para a criminalidade é derramar mais sangue, num ciclo intérmino? Claro que estamos refletindo a partir de uma ficção, que lida com a saciedade – não que um pai saia por aí querendo fazer justiça; mas, certamente, há uma realização osmótica por ver alguém fazer isso, como se a impotência da vítima encontrasse vazão na obra ficcional. Porém, até que ponto esta catarse é produtiva? Infelizmente, filmes sobre perdão e elevação moral são raros e não alcançam tanta bilheteria! Por isso, que continue a pancadaria (com o atenuante de que é por boa causa).
Mas o que me leva a comentar sobre o filme se deve mais às opções morais do pai-espião Brian (papel do eterno mentor Liam Neeson). A certa altura, ele recorre à tortura, levado pelo choque de encontrar a amiga de sua filha morta. O desenrolar do enredo leva o espectador a revoltar-se com os criminosos albaneses que atuam em Paris, seqüestrando moças estrangeiras, que são dopadas e depois coladas em prostíbulos, sem a menor condição de saber onde estão ou o que fazem. Por tudo isso, a reação de Brian até soa natural…
O filme incentiva uma espécie de revanchismo contra os direitos humanos; curiosamente, a vingança contra os criminosos é usar contra eles menos humanidade ainda. Seguindo uma linha bem próxima, um filme mais antigo, “O preço de um resgate”, colocava o espectador diante da seguinte situação: “O que eu faria se estivesse face a face com quem sequestrou meu filho?” Semelhantemente, Busca Implacável justifica suas ações violentas com a premissa de que qualquer pai faria o mesmo para encontrar sua filha e fazer seus sequestradores pagarem pelo que fizerem.
Eticamente, é questionável quando os fins validam os meios. Em certo sentido, esse embate é próprio de nosso tempo, quando se assiste a maior potência da Terra agir de forma desesperada em sua “Guerra contra o Terror”. Seria a tortura, tratamento desumano, a melhor forma de punir criminosos desumanos ou isso apenas revela que os americanos foram tão cruéis quanto aqueles que estiveram sob sua custódia? Deixo a resposta para os prisioneiros que viveram em Guantánamo.
Outra preocupação que tenho é quando saímos aplaudindo e torcendo para que personagens concretizem sua vingança; de alguma forma, o efeito desses sentimentos perpetua a distorção do senso de justiça que impera na sociedade contemporânea. Seria esse sentimento o reflexo de uma moral mais rigorosa contra a marginalidade, a ponto de negar eles direitos básicos? Será que a solução para a criminalidade é derramar mais sangue, num ciclo intérmino? Claro que estamos refletindo a partir de uma ficção, que lida com a saciedade – não que um pai saia por aí querendo fazer justiça; mas, certamente, há uma realização osmótica por ver alguém fazer isso, como se a impotência da vítima encontrasse vazão na obra ficcional. Porém, até que ponto esta catarse é produtiva? Infelizmente, filmes sobre perdão e elevação moral são raros e não alcançam tanta bilheteria! Por isso, que continue a pancadaria (com o atenuante de que é por boa causa).
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