segunda-feira, 29 de março de 2010

A DESPEDIDA DE ERNEST



Quando nos conhecemos, era tarde:
Barro e folhas marrons em volta, em soma,
E a urna a guardar (sendo isto o que se guarde,
Que ao trabalho se dando, a morte as toma,
Subtraindo-as por completo) as cinzas, que antes
Foram gente, e que são lembranças só;
Se sorriu, se chorou, foram instantes,
Calados na audiência com o pó.
Todos choram a falta dele ou mesmo
A falta que nos faz viver sem perda
– Tendo por certa a morte, o homem a esmo
Oscila, ora à direita indo, ora à esquerda;

E a cada aniversário, com acenos,
Comemoramos mais um ano a menos.

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