
Dois ou três dias transcorreram, e Estênio voltava do trabalho. Viu situação semelhante. Rosinha estava vestida desta vez, mas os cabelos ainda úmidos e o rosto corado. O calor era muito e Estênio abriu a porta da geladeira. Uma, duas, três… epa! “Rosinha, você tomou minha cerveja?”. “Ô homem, tem tanta cerveja aí… acho que você deve ter contado errado, né? Mas que diferença faz também, amor?”. Ele ficou mudo, pegou a cerveja e se assentou em frente à televisão, mal prestando atenção no jornal.
E as coisas andavam neste pé (manco). Em uma dessas semanas, Estênio voltava da obra e vinha sem fome. Sentou-se em frente à velha vitrola, que ganhara do pai. Olhou entre os LPs, buscou, sem sucesso. Levantou-se furioso, batendo a porta.
Dali a pouco, estava ele a entrar afoito na casa de Julião, o vizinho da frente. O outro falava ao telefone com Rosinha, que o apavorara. Sentiu a garganta seca, um friozinho nas mãos e ouviu os passos de Estênio se aproximando.
Parado diante de Julião, que quase ia se explicar, Estênio foi logo mandando: “Dá aí meu O inimitável”. “Você só quer isso?”. “O resto, o tempo vai apagar!”.
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