3 - Não use do poder para manipular as pessoas (Juízes 9:4)
Logo que eu e Noribel nos casamos, saímos do Rio Grande do Sul (manda a tradição que o casamento deve acontecer na cidade da noiva), fizemos a viagem para Gravatal e, depois de alguns românticos dias, fomos a São Paulo. Ali tivemos um dia estressante: localizamos as coisas que meu sogro enviara por encomenda, retiramos alguns dos presentes de casamento em uma loja e escolhemos as fotos para o álbum de casamento. Depois desta maratona, alugamos uma vã, a fim de levar nossas bagagens (que não eram poucas) para o terminal rodoviário da Barra Funda.
Embora tenha sido hilário o modo como desembarcamos a bagagem da vã para a plataforma de embarque, ocuparia muito tempo contar esta parte da história. Basta que se diga que, depois de muita correria, já estávamos esperando o ônibus que em aproximadamente vinte e quatro horas nos levaria à Corumbá (MS), nosso primeiro local de trabalho.
O nosso transporte chegou com algumas horas de atraso. Estávamos a postos. À medida que o ônibus estacionou, levamos nossas mais de vinte caixas (!) para que o funcionário da empresa as pesasse, entiquetasse e pusesse na parte de bagagens. Aconteceu que, ao invés de nos atender, o funcionário deixou outras pessoas, que não eram malucas a ponto de levar tantas caixas, passarem a nossa frente.
Devo reconhecer que aquilo me deixou muito ansioso e irritado. Ansioso porque temia que não houvesse espaço para nós. Irritado porque o dia fora estressante e eu queria ser atendido logo (o egoísmo nos faz pensar apenas a partir de nossa própria ótica).
Por estar ansioso e irritado passei a perturbar o funcionário que cuidava das bagagens, pressionando-o no intuito de fazê-lo nos atender o mais rápido. Percebi que minha estratégia somente trouxe aborrecimento para aquele pobre homem. Em contrapartida, ele, percebendo o quanto de bagagem que tínhamos, começou a nos ameaçar com o valor de excesso de bagagem que teríamos de pagar.
Encurtando o relato: minha esposa arregaçou as mangas e pediu que eu me afastasse; só assim ela poderia resolver o problema que eu havia criado. Como homem o que eu poderia fazer além de obedecê-la? Com muito tato e simpatia, ela passou a falar com o funcionário sobre como deveria ser cansativo para ele trabalhar naquela função. O homem reconheceu que sim e desabafou, contando que realmente estava exausto (isso sem falar em como era chato trabalhar pressionado por um jovem pastor preocupado com suas caixas e seu umbigo!…). em poucos minutos, nossas bagagens estavam no ônibus. Tivemos que pagar pelo excesso dos volumes – mas a taxa ficou cem reais a menos do que o valor que ele havia ameaçado me cobrar.
Quando tentamos “forçar a barra” e obrigamos a outrem para aceitar nossas decisões e opiniões, agimos de forma parecida a de Abimeleque. Ele conseguiu manipular as pessoas de Siquém e colocá-las contra seus irmãos. Sem dúvida, estamos diante de um formador de opiniões. O problema é que Abimeleque usou de sua influência sobre os membros de seu clã para manipulá-los; no fim, ele atingiu seus objetivos (como veremos adiante), com o ônus do desrespeito, em primeiro lugar, desrespeito em relação àqueles que ele manipulou.
Pare e reflita: se um Deus Soberano respeita o direito individual de escolha, mesmo que saiba que muitas das escolhas de Seus filhos sejam equivocadas, que direito temos nós de fazer com que outros ajam segundo aquilo que julgamos ser o correto (e que muitas vezes nem o é)?
Um comentário:
Realmente...
Quem somos nós para julgar nosso próximo!!!
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