quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

CICATRIZAÇÃO


Não, Deus, o Mar Vermelho não se mexeu ainda,
Mas de onde estou sentado posso ver os Teus feitos.

Como um verme sem nome, saí envenenado
Dos canaviais. Queriam me enterrar de vez. Entre
Vultos cismei. Meus gritos só achavam Teus ouvidos.
Quantas vezes clamava, querendo algum motivo
A fim de deixar a obra para trás? Fui detido.

E meus pés, ao fim, gastos atingem esta margem.
Cresci quase à altura de homens, eu que era verme!

Com meu fardo não pude rastejar – e me ergui.
O corpo de anelídeo tornou-se como pedra.
Fui batizado numa tempestade. O cinismo
Expulso deu espaço para a junção de peças;
Cada cicatriz leva Teu bálsamo estampado.

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