sexta-feira, 19 de março de 2010

CALANDO OS CRÍTICOS DA ESCOLA ADVENTISTA

Uma amiga me encaminhou um post de um certo Viko Rezende. No texto, seu autor criticava a Escola adventista Santa Isabel (imagino que esteja localizada em São Paulo, mas não estou bem certo). Três são as razões para a crítica: a primeira, devido a uma anedota contada por um docente, a segunda por ignorância (ou preconceito?) com respeito aos pressupostos criacionistas e a última que trata das regras da escola.

Sobre a anedota, não há muito que se diga, apenas que Rezende a tomou ao pé da letra, razão pela qual aconselho aqueles que lhe são próximos a terem cuidado com as coisas que lhe dizem. Seu comentário é tão forçado que desqualifica sua credibilidade em interpretar dados.

Reproduzo o texto, para que o próprio leitor julgue por si mesmo: “Pois um menino comentou que seu professor de ciência, vejam bem, ciências aplicou a piada de que, se cruzar um cão Bassê (conhecido como cão lingüiça), com um lobo por exemplo, poderemos ter um vira-latas ou mesmo um São Bernardo. Daí eu me pergunto, como se formam nossos professores? O que é passado nas escolas de magistério e mesmo nos bancos das universidades? Será que tem professor comprando diploma ou dando aula sem os mesmos? Me falaram que em escola particular pode, o que não seria nenhuma coisa estranha.”

Não achar graça em uma piada é algo perfeitamente plausível; mas daí arrumar pretexto para matutar sobre a falta de qualificação docente é tão exagerado como ler o termo “linguiça” acima e criticar a falta de respeito por parte dos bloqueiros com a Reforma Ortográfica!

A segunda crítica, aborda a convivência entre dinossauros e homens, que o autor afirma ser anti-científica (e ele se admira que o conceito tenha partido de um professor de Ciências). Para início de conversa, a Ciência não é uma área neutra do conhecimento. Todos somos influenciados pelo espírito da época (zeitgeist), uma espécie de corpo de pressupostos que dita o que é ou não aceitável. Isso permeia a sociedade e regula as demais cosmovisões, restringindo-as ou modificando-as.

Em um mundo dito pós-moderno, a religião é esvaziada, coisa que já pude abordar em outros textos aqui do blog. No entanto, o Cristianismo, em sua essência, não se define como somente “mais uma religião”. Nem é uma religião apenas no sentido atual do termo. O Cristianismo influencia todas as áreas da vida, incluindo pensamento, concepções, critérios de julgamento, padrões de conduta, valores, etc, igual a qualquer outra cosmovisão bem-desenvolvida. Não à toa, cientistas cristãos destoam do coro dos contentes, não se adequando às premissas do naturalismo filosófico, por mais que esse seja legitimado pelo zeigeist atual.

Afinal, uma cosmovisão propagada não é, necessariamente, a verdadeira. O autor já estudou as propostas criacionistas? Por outro lado, Viko Rezende conhece as limitações da datação via carbono catorze? Entende as impossibilidades que o registro fóssil oferece à teoria de Darwin, no que tange à carência de espécies de transição autênticas?

Pelo que o autor escreve, seu conhecimento é bem superficial. “[…]Nestas escolas ditas religiosas a Bíblia não é considerada um livro de religião e sim um tratado de física e biologia. Ali temos o ano que a Terra foi criada e como todas as coisas foram feitas. Ora bolas, se assim fosse, não seria mais uma religião!”. Percebe-se que Rezende não faz mais do que tagarelar as velhas críticas à Religião. Faltou que ele pensasse por si mesmo…

Por último, a postagem não se exime de criticar a instituição por coibir o uso de jóias. O que ele não pondera (talvez por desconhecimento) é o fato de os pais assinarem um documento, declarando sua ciência em relação às normas da escola.

Em caso de se recusarem, por quaisquer motivos (até mesmo por convicções religiosas, como o autor sugere ao mencionar a aliança de Tucum), a escola é livre (enquanto instituição particular) a aceitar ou não a matrícula, ao mesmo tempo em que os pais têm igual liberdade para aceitarem ou não as regras propostas, e decidirem procurar outra escola. Vejamos a coisa de outra forma: estudei até o Ensino Médio em colégios particulares não confessionais, os quais possuiam regras diferentes, e puniam aqueles que as desconsiderassem. Dentro desse prisma, a crítica de Viko Rezende mostra-se quase o resquício de uma rebeldia adolescente contra as “regras más”.

Claro que as escolas adventistas não são perfeitas; todavia, elas perseguem um ideal, e mesmo entre os não-cristãos, continuam sendo elogiadas pelo seu alto padrão de qualidade e pelos valores que ensina. Creio que somente esses fatores (além de outros) são suficientes para calar os seus críticos.


Colaboração: Andreia Carvalho

4 comentários:

Solange H. Marques disse...

este não foi o 1º e nem será o último...

viko rezende disse...

Antes de mais nada, obrigado pela divulgação. Ocorre que um menino perguntou que especie de cães Noé teria colocado na arca (assim como qual especie de elefantes), pois temos mais de 30.000.000 de seres vivos no planeta. O Professor, sem uma resposta plausivel, argumentou que teria colocado um cao e uma cadela e nao importa a raça pois eles gerariam todas as outras (o que é impossivel). Temos varias especies de elefantes, caes, gatos, hipopotamos etc e mesmo hoje, com todo o dinheiro do mundo, não poderiamos faser esta obra. O que ocorreu e isso é plausivel, foi uma grande enchente e Noe teria colocado ovelhas, cabras e alguns caes num pequeno barco. Mas agora sair iluidindo as crianças que os dinossauros não entraram e sumiram, antes de ser uma piada, é um crime. Pense bem, tente ler alguma coisa boa sobre evolução, biologia, nautica etc.

douglas reis disse...

Antes de mais nada, é sempre um prazer divulgar críticas estapafúrdias, pois elas ajudam as pessoas a verem que o Cristianismo não é tão irracional quanto os seus críticos...

Vamos às questões. Evolucionistas propõem acestralidade comum. Alguns criacionistas entendem que as espécies atuais se desenvolveram de tipos básicos (por isso, nas traduções em Inglês de Gênesis 1:24, a palavra hebraica miyn é vertida como "Kinds" e não como "espécies", tal qual aparece nas versões em Português).

Esses tipos básicos deram origem à diversidade animal que temos hoje. O registro fóssil indica justamente isso: a existência de animais similares a espécies atuais.

Logo, a questão do espaço na arca não me parece difícil de ser entendida, uma vez que a diversidade animal não era tanta como a que vemos na atualidade.

Sobre a teoria da grande enchente: não me parece plausível, porque enchentes, caro Viko, é que mais acontece naquela região; ninguém se impressionaria com outra grande enchente, se fosse o caso. Mas, tanto na Bíblia, como na língua acadiana, existe uma palavra diferente, um termo-técnico, para se referir ao dilúvio, indicando que se trata de algo substancialmente distinto de uma mera enchente.

Sobre dinossauros na arca: algumas espécies atuais, como o dragão de Komodo, que vive na ilhas Galápagos, podem ser consideradas remanescentes dos dinossauros, o que parece nos levar a crer que, num eventual dilúvio, algumas espécies de dinossauros (e o termo é bem amplo) pudessem entrar na arca.

Bem, você levantou todas essas questões novas, apenas por não conseguir responder às minhas observações anteriores? Nesse caso, acho que não é de minha parte que a leitura está faltando...

Valmir disse...

Para quem predispõe a discutir questões cientificas em alto nível, escrever faSer com “s” e de amargar. – parafraseando “ isso ajuda as pessoas a verem que os criacionistas não são tão irracionais quanto os seus críticos...”