quinta-feira, 29 de abril de 2010

OS PROCESSOS


Fala o mal: rolo ou me assento,
Como um mascote do abismo
(Que tempera o adestramento
Com requintes de sadismo).

Caso a inicial apenas
Do nome do Príncipe ouça…
Jesus vence aros e arenas
E junta as partes da louça.

Descarrilado o comboio.
Sucumbo a passos cambaios;
E incumbido de ser joio,
O câmbio ergue do olho os raios:

Tudo em mim se opõe à troca,
Por aspiração de vida,
Que em melhor grau me coloca
Do que o da vida ingerida.

Pelas costas soergue a crista
Um mal de outra casta, e custa
Subtrair a crosta que exista
Para ser casto em fé justa.

Perfaça em mim a assepsia
Liberadora de fé,
Porque a alma que mais confia
Mais livre das trevas é.

Quero dedicar-me ao plano
Que Deus, não eu, delineia,
Pois minha fome de um ano
Sacia com Sua ceia.

Foste à feira e na balança
Pesaste o sangue por preço
Deste escravo (eu) que nu dança,
E a mudança não mereço.

Da forja do inferno para
O cepilho da Justiça,
Sendo que a luz ruge clara
E seu bramido à alma atiça.

Na diáspora me despira
Do mal que dopara tanto;
Deparo-me com a pira
Que depura e me faz santo.

Agora me resta a espera
(Mesmo que no imo a ação queira),
Já que o trigo que o chão gera
Deve saltar na peneira.

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