sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A ADOLESCENTE E O BEBÊ: A RAINHA HATSHEPSUT NA CRONOLOGIA DO ÊXODO BÍBLICO



Pequenos atos e pequenas pessoas, muitas vezes, podem fazer uma diferença muito maior do que supomos. Uma das histórias mais famosas da Bíblia e que mais tem intrigado os arqueólogos interessados em explorar o Antigo Oriente Médio é o episódio do êxodo do Egito.
Um achado arqueológico exposto no Museo Gregoriano Egiziano pode lançar luz nessa nossa viagem no tempo. O museu é sediado no Vaticano e foi fundado em 1839 pelo papa Gregório 16, com o objetivo de reunir artefatos do antigo Egito, tendo em vista sua íntima relação com a Bíblia.
Do ponto de vista da arqueologia bíblica, o ponto de partida é verificar que tipo de dado cronológico a narrativa nos oferece para descobrirmos a época do Êxodo. No livro de 1 Reis 6:1 está escrito que o quarto ano do reinado de Salomão corresponde ao ano 480 desde a saída do povo de Israel do Egito.
A data convencionalmente aceita para a morte de Salomão é o ano 931 a.C. e, de acordo com o relato bíblico somos informados de que ele reinou durante 40 anos (1Rs 11:42), o que nos leva ao início do seu reinado no ano 970 a.C. Dessa forma, o quarto ano do governo dele deve ter sido em 967/966 a.C. Voltando 480 anos, chegaríamos à data do êxodo em 1447/1446 a.C.
Mais importante que o ano em si, pois é possível que haja alguma pequena margem de erro na contagem dos calendários antigos, é importante perceber que a Bíblia coloca o êxodo em pleno século 15 antes de Cristo, época da 18ª dinastia egípcia.
Esse período da história egípcia é muito interessante para o estudante da Bíblia. Em primeiro lugar, porque a dinastia anterior não era de faraós 100% egípcios, mas quem estava no poder do país era um grande grupo semita chamado de hycsos. Eles eram parentes distantes da família de Abraão, parentesco que talvez explique por que José foi tão bem aceito como alto funcionário do Egito.
O fato é que algum tempo depois de José, os hycsos foram expulsos do país e aí começou a 18ª dinastia. E como é de se imaginar, nesse novo governo, o possível parentesco de José com os antigos dominadores do Egito deve ter contribuído para que os hebreus fossem escravizados.
Se Moisés tinha cerca de 80 anos quando liderou o êxodo, descontando os 40 anos que ele passou em Midiã (At 7:23) e mais seus primeiros 40 anos que viveu na corte egípcia (At 7:30), isso significa que ele nasceu por volta de 1527 a.C.
Se assim for, nessa época quem reinava no Egito era Tutmoses I, faraó que possuía uma filha de muita personalidade, cuja idade permitia que ela fosse uma adolescente a se banhar no Nilo exatamente no dia em que seria surpreendida por um cesto boiando com uma criança em seu interior.
Essa adolescente, totalmente devota ao pai, teria se compadecido da criança e lhe dado um nome de acordo com a dinastia de Tutmoses I, o nome Moses. As evidências apontam que essa princesa poderia ser Hatshepsut.
Mulher de tanta força que chegou a se manter como uma das maiores (e poucas!) rainhas do Egito até sua morte.
O estudo do êxodo, contudo, possui alguns desafios. Um dos maiores era o costume entre os antigos egípcios de apagar ou reescrever a história oficial, de modo que ficasse mais conveniente para o faraó que estava no poder.
A própria Hatshepsut foi prejudicada por esse hábito. No fim do reinado do seu sucessor, Tutmoses III (o filho dela), um esforço sistemático foi feito para apagar todos os registros históricos dos feitos da rainha, fazendo assim que os créditos pelos empreendimentos da mãe Hatshepsut fossem dados ao filho Tutmoses III.
De qualquer modo, vale a pena reparar que enquanto o foco de muitas pessoas está nas grandes coisas ou realizações, Deus usou uma adolescente que se compadeceu de uma criança para salvar toda uma nação. Outra lição é que: embora os homens, por vezes, desejem mudar o passado, algumas coisas simplesmente não podem ser esquecidas ou apagadas para sempre.


Disponível em Conexão2.0

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