Cristóvão Tezza, escritor catarinense, fez um infeliz comentário, publicado no Estadão. O autor de "Aventuras Provisórias" não gostou de ter seu livro censurado por conta da linguagem obscena e cenas de sexo. "Eu soube da interdição e fiquei horrorizado com isso", declarou. O escritor ainda acrescentou não ver "nenhum inconveniente nas cenas reclamadas, pois não apresentam nada que o adolescente não descubra em outras mídias."
Talvez o que escapou a Tezza é a tal censura não ser motivada por ineditismo, como se fosse novidade retratar o sexo. Não estamos mais nos tempos em que Flaubert foi processado por "Madame Bovary". O problema é justamente o excesso, não a surpresa: nós nos encontramos saturados de escritores que fazem do sexo um lugar-comum, da mesma forma que a vulgarização do sexo nas novelas, filmes, comerciais, e músicas tem preocupado educadores, sociólogos e os cidadãos conscientes.
Seria interessante que romancistas, roteiristas e diretores expusessem ideias sem ter de recorrer a cenas apelativas, que mormente deixam a entrever a pobreza de sua mensagem, a qual acaba se escorando no erótico e sensual (porque isto vende). Pena que a cultura brasileira esteja tão atrelada a uma sem-vergonhice histórica, fazendo com que se encare a distorção da sexualidade trivialidade. Dentro desta linha de raciocínio obtusa, oferecer valores aos jovens parece, infelizmente, perda de tempo!...
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