O pontificado de Bento VI chega aos cinco anos sem muitos motivos para comemorações. Com a crise desencadeada pelas denúncias de padres pedófilos, devidamente acobertados por suas dioceses, o papa enfrenta um momento delicado.
Para contornar o problema, Bento XVI escreveu aos bispos irlandeses sobre o assunto, no último 19 de Março. Na missiva, o sumo-pontífice aponta os fatores da crise: (1) falta de uma proposta adequada ao fenômeno da secularização; (2) relaxamento da devoção sacerdotal; (3) abandono do Evangelho como referencial para o pensamento e o julgamento; (4) prática de impedir que situações canônicas irregulares sejam julgadas pela lei secular; (5) falha nos critérios de seleção dos candidatos ao sacerdócio; (6) formação decitária nos seminários e noviciados, (7) favorecimento do clero e de fuguras de autoridade em caso de denúncias; (8) a trendência de zelar pelo nome da igreja em detrimento da apuração e julgamento pertinente aos fatos.
Qual a solução para a crise? De acordo com Joseph Ratzinger, ela consiste de 5 passos: Bento XVI propõe cinco medidas: “1) um ano de penitência, 2) redescobrir o sacramento da Reconciliação (a confissão), 3) fomentar a adoração eucarística, 4) uma Visita Apostólica (uma inspeção) em algumas dioceses, seminários e congregações religiosas, 5) uma missão para todos os bispos, sacerdotes e religiosos. Entre outras palavras: fazer a limpeza” [1].
Mas há quem não leve a sério a repentina severidade do bispo de Roma. Em outra carta, essa publicada pelo The New York Times, o teólogo suíço Hans Küng conclama os bispos católicos a uma reforma. Para ele, o diálogo ecumênico, no espírito do Concílio Vaticano II, precisa se recuperado. Decisões do pontificado atual são repassadas e analizadas; segundo o juízo de Küng, a Igreja Católica vive um retrocesso, por promover a missa Tridentina, evitar decisões conciliares, e exigir submissão indiscutível à Roma. Some-se a isso a atual bancarrota moral e ninguém precisa de mais explicação para o pedido de reforma!
Hans Küng pede aos seus destinatários, os bispos católicos, que (1) não se calem, de forma conivente; (2) comecem a reforma, em qualquer nível, pressionando a Cúria a adotar mudanças; (3) retomem a ação colegiada, proposta pelo Vaticano II e, em seguida, abandonada por papas desde então; (4) manter obediência inquestionável somente a Deus, mas falar a verdade, mesmo contra os superiores; (5) focar nas soluções regionais, como no caso do celibato (bastante questionado por causa da onda de pederastia na igreja), momento em que os bispos deveriam apoiar padres que desejassem se casar; (6) exigência da convocação de um concílio, única maneira de solucionar a crise e recuperar a imagem da igreja [2].
A despeito de tantas propostas, é possível que nada seja efetivamente resolvido. A solução adviria de uma volta a Bíblia, enquanto que o papa insiste em exigir uma conduta orientada pela tradição e Küng oferece uma alternativa que se embasa no Vaticano II. Em ambos os casos, as soluções não passam de mero paliativo. Ao menos, as cartas estão na mesa.
[1] Marc Argemí, Crise de pederastia na Igreja em 1.001 palavras, disponível em http://bxvi.wordpress.com/2010/04/24/la-crisis-de-la-pederastia-en-la-iglesia-en-1-001-palabras/ . Reproduzido em http://zenit.org/article-24700?l=portuguese .
[2] A tradução da carta de Küng, feita por Celso M. Paciornik, foi publicada como Epístola da desobediência, em http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,epistola-da-desobediencia,539615,0.htm .
Para contornar o problema, Bento XVI escreveu aos bispos irlandeses sobre o assunto, no último 19 de Março. Na missiva, o sumo-pontífice aponta os fatores da crise: (1) falta de uma proposta adequada ao fenômeno da secularização; (2) relaxamento da devoção sacerdotal; (3) abandono do Evangelho como referencial para o pensamento e o julgamento; (4) prática de impedir que situações canônicas irregulares sejam julgadas pela lei secular; (5) falha nos critérios de seleção dos candidatos ao sacerdócio; (6) formação decitária nos seminários e noviciados, (7) favorecimento do clero e de fuguras de autoridade em caso de denúncias; (8) a trendência de zelar pelo nome da igreja em detrimento da apuração e julgamento pertinente aos fatos.
Qual a solução para a crise? De acordo com Joseph Ratzinger, ela consiste de 5 passos: Bento XVI propõe cinco medidas: “1) um ano de penitência, 2) redescobrir o sacramento da Reconciliação (a confissão), 3) fomentar a adoração eucarística, 4) uma Visita Apostólica (uma inspeção) em algumas dioceses, seminários e congregações religiosas, 5) uma missão para todos os bispos, sacerdotes e religiosos. Entre outras palavras: fazer a limpeza” [1].
Mas há quem não leve a sério a repentina severidade do bispo de Roma. Em outra carta, essa publicada pelo The New York Times, o teólogo suíço Hans Küng conclama os bispos católicos a uma reforma. Para ele, o diálogo ecumênico, no espírito do Concílio Vaticano II, precisa se recuperado. Decisões do pontificado atual são repassadas e analizadas; segundo o juízo de Küng, a Igreja Católica vive um retrocesso, por promover a missa Tridentina, evitar decisões conciliares, e exigir submissão indiscutível à Roma. Some-se a isso a atual bancarrota moral e ninguém precisa de mais explicação para o pedido de reforma!
Hans Küng pede aos seus destinatários, os bispos católicos, que (1) não se calem, de forma conivente; (2) comecem a reforma, em qualquer nível, pressionando a Cúria a adotar mudanças; (3) retomem a ação colegiada, proposta pelo Vaticano II e, em seguida, abandonada por papas desde então; (4) manter obediência inquestionável somente a Deus, mas falar a verdade, mesmo contra os superiores; (5) focar nas soluções regionais, como no caso do celibato (bastante questionado por causa da onda de pederastia na igreja), momento em que os bispos deveriam apoiar padres que desejassem se casar; (6) exigência da convocação de um concílio, única maneira de solucionar a crise e recuperar a imagem da igreja [2].
A despeito de tantas propostas, é possível que nada seja efetivamente resolvido. A solução adviria de uma volta a Bíblia, enquanto que o papa insiste em exigir uma conduta orientada pela tradição e Küng oferece uma alternativa que se embasa no Vaticano II. Em ambos os casos, as soluções não passam de mero paliativo. Ao menos, as cartas estão na mesa.
[1] Marc Argemí, Crise de pederastia na Igreja em 1.001 palavras, disponível em http://bxvi.wordpress.com/2010/04/24/la-crisis-de-la-pederastia-en-la-iglesia-en-1-001-palabras/ . Reproduzido em http://zenit.org/article-24700?l=portuguese .
[2] A tradução da carta de Küng, feita por Celso M. Paciornik, foi publicada como Epístola da desobediência, em http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,epistola-da-desobediencia,539615,0.htm .
Um comentário:
No futuro próximo, toda a opressão que hoje o vaticano está passando será revertida potencialmente maior sobre aqueles que não aceitarem as imposições que serão dadas por este poder.
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