quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O LEITO DE FERRO

Saberia o perfume e as concubinas,
Que realizam com sedução o monarca,
Quem espiasse a cena: nada é coisa parca
– Há pele de amorreus cosidas nas cortinas.

Descansam lanças de uma em mil carnificinas,
E o sangue que as nutriu negras paredes marca.
Descansam lanças, sem saber que vem vindo a arca.
Quem espiasse o quarto, observaria as tinas:

O rei impregna a barba usando óleo animal.
O rei é quase um animal, tanto que mede.
Sem saber que vem vindo a arca, olha a rica sede.

Em seu leito de ferro, o rei sonha algo mal;
O rei mal cabe em seu leito de ferro, o enorme.
Vem a nuvem, caminha Israel, o rei dorme.

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