quarta-feira, 10 de setembro de 2008

MENOS ESTUDO, MAIS CÂNCER


Uma nova pesquisa, realizada pelo Instituto Nacional de Saúde e Pesquisas Médicas (Inserm), da França, mostra uma interessante relação da incidência de câncer com nível social e intelectual das vítimas. A seguir, os melhores trechos de uma repostagem recente sobre o assunto:

"A pesquisa é resultado da análise cruzada de dados relativos às mortes por câncer e à condição social dos falecidos de 1968 a 1996, fornecidos pelo principal instituto de estatística francês, o nsee. A coordenadora do estudo, Gwenn Menvielle, pôs a mão sobre as informações de nada menos do que 1% da população francesa, o que torna o seu estudo inédito pela abrangência.""[...] Entre 1968 e 1974, o risco era 1,52 maior, em relação aos diplomados. Mas na década de 90, essa diferença passou para em média 2,29, dependendo do tipo de tumor. "

"Os trabalhadores sem diploma teriam mais do que o dobro de chances de morrer de câncer por duas razões fundamentais, aponta Menvielle. Em primeiro lugar, porque os homens de classes inferiores consomem mais álcool e tabaco do que os mais ricos. A segunda razão diz respeito às condições de trabalho de uma classe e de outra. '"Enquanto o empresário trabalha em uma sala confortável, o operário freqüentemente passa o dia em ambientes onde está exposto a materiais cancerígenos. Em um canteiro de obras ou em uma mina, por exemplo, ele aspira o tempo todo substâncias provocadoras de câncer', explica Menvielle."

"O câncer que mais demonstra a diferença de classes é o das vias aéreas, especialmente boca, faringe, laringe e esôfago, em que os não-diplomados têm 5,21 vezes a mais de chances de morte do que um homem diplomado. O dado comprova ao menos uma das hipóteses da estudiosa para explicar a desigualdade social da ocorrência da doença, uma vez que esse tipo de câncer é provocado pelo consumo abusivo de álcool e cigarro. "

"A pesquisadora explica que o fator qualidade dos produtos tem pouca influência sobre a ocorrência de câncer − pelo menos na França, ressalva. 'Em países como a Rússia, onde se bebe destilados fortes, a qualidade das bebidas tem comprovadamente uma relação com a incidência de câncer. Mas na França, onde a bebida mais consumida é o vinho, a qualidade é um problema secundário. O fator determinante é a quantidade.'" [ênfase suprida].

"Um terceiro ponto que deve ser considerado é o acesso à informação sobre a doença. Os homens com mais estudos procurariam auxílio médico desde os primeiros sintomas, enquanto que os menos letrados demorariam mais tempo para se tratar."

"O atraso no início do tratamento intensifica o câncer e dificulta a cura, o que também explica o número mais elevado de mortes entre os mais pobres. Além disso, os ricos têm acesso a tratamentos mais qualificados e, portanto, morrem menos em decorrência da doença, afirma Menvielle."

Fonte: portal Terra Colaboração: Adilson Câmara

Entre muitos pontos importantes da pesquisa, quero salientar a conexão entre o câncer e o consumo de álcool. Como bem frisaram os pesquisadores, mesmo uma bebida alcoólica, tida como de boa qualidade, pode levar ao aparecimento da doença.

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