terça-feira, 30 de setembro de 2008

SOMOS OS ADVENTISTAS NORTE-AMERICANOS DE AMANHÃ



A crise do adventismo no primeiro mundo ocorre há muitas décadas. Qualquer pessoa de outra geografia que tenha visitado a igreja na Europa ou Estados Unidos logo percebe as diferenças. Pouco se fala sobre isso aqui na América do Sul, porque é embaraçoso. Dizer que as diferenças são meras diferenças culturais sem importância é o tipo de desculpa que insulta a inteligência.
Por outro lado, seria injusto afirmar que a igreja se apostatou nos países do hemisfério norte, uma vez que há adventistas fiéis em toda parte. O que se pode concluir, de modo geral, é que muitos lugares perderam a essência da mensagem adventista: membros leigos, líderes e pastores vivem e pregam como evangélicos. De fato, sua liturgia, mensagem e ênfases não os diferem de qualquer outra denominação cristã.
Enquanto isso, em diversos países do hemisfério sul a Igreja Adventista exibe um frescor missionário exuberante. Há infindáveis frentes missionárias. Abertura de novas igrejas e sedes administrativas. Tudo parece como deveria. Na nossa inocência (ou alienação histórica), não entendemos o que aconteceu com a América do Norte e continuamos felizes por sermos diferentes, mais fiéis – no limiar com um orgulho (pouco) santo.
Uma análise mais séria revelaria que os desafios que pegaram os adventistas norte-americanos desprevenidos já aparecem no horizonte sul americano. Há megalópoles como Buenos Aires, São Paulo, Lima, Montevidéu, para mencionar algumas, onde a presença adventista é pouco representativa em comparação com a população. Mudanças ideológicas e culturais influenciam os membros da igreja, acelerando a secularização. Modismos evangélicos, em termos de estratégias, programas, estilos de pregação e ministérios (principalmente ligados ao evangelismo, música e jovens) se espalham entre os adventistas.
A diferença? Os adventistas norte-americanos experimentaram isso décadas antes. Atualmente, estão passos à frente em termos de secularização (melhor: passos atrás!). Caso não voltemos à Bíblia, sofremos como eles e o adventismo vigoroso da América do Sul se tornará insípido.
Precisamos examinar a Bíblia, tanto para conhecer a razão de ser adventista, quanto para avançar em nossa missão. Deveríamos criticar, de um ponto de vista bíblico, livros e CDs evangélicos, ao invés de copiar seus jargões e “inovar” com programas inspirados nessas obras. Em grandes eventos, temos de deixar de contar com “artistas” de palco, que cantam músicas super-estimulantes (sensorialmente falando) e enfatizar o raciocínio simples e calmo necessário a um estudo bíblico eficaz. Sim, as pessoas precisam conhecer o brilho de nossa mensagem sem o calor de emoções voláteis – emoções são parte do processo, mas não a base do que cremos!
Se não mudarmos o jeito de fazer as coisas, o resultado final não mudará: para saber o que nos aguarda, basta ver as igrejas vazias, exceto por membros idosos ou, por outro lado, os louvores pentecostais, os jovens com brincos e tatuagens e pregação não-bíblica, igual às congregações norte-americanas…

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