A crise do adventismo no primeiro mundo ocorre
há muitas décadas. Qualquer pessoa de outra geografia que tenha visitado a
igreja na Europa ou Estados Unidos logo percebe as diferenças. Pouco se fala
sobre isso aqui na América do Sul, porque é embaraçoso. Dizer que as diferenças
são meras diferenças culturais sem importância é o tipo de desculpa que insulta
a inteligência.
Por outro lado, seria injusto afirmar que a
igreja se apostatou nos países do hemisfério norte, uma vez que há adventistas
fiéis em toda parte. O que se pode concluir, de modo geral, é que muitos
lugares perderam a essência da mensagem adventista: membros leigos, líderes e
pastores vivem e pregam como evangélicos. De fato, sua liturgia, mensagem e
ênfases não os diferem de qualquer outra denominação cristã.
Enquanto isso, em diversos países do hemisfério
sul a Igreja Adventista exibe um frescor missionário exuberante. Há infindáveis
frentes missionárias. Abertura de novas igrejas e sedes administrativas. Tudo parece
como deveria. Na nossa inocência (ou alienação histórica), não entendemos o que
aconteceu com a América do Norte e continuamos felizes por sermos diferentes,
mais fiéis – no limiar com um orgulho (pouco) santo.
Uma análise mais séria revelaria que os
desafios que pegaram os adventistas norte-americanos desprevenidos já aparecem
no horizonte sul americano. Há megalópoles como Buenos Aires, São Paulo, Lima,
Montevidéu, para mencionar algumas, onde a presença adventista é pouco
representativa em comparação com a população. Mudanças ideológicas e culturais
influenciam os membros da igreja, acelerando a secularização. Modismos evangélicos,
em termos de estratégias, programas, estilos de pregação e ministérios
(principalmente ligados ao evangelismo, música e jovens) se espalham entre os
adventistas.
A diferença? Os adventistas norte-americanos experimentaram
isso décadas antes. Atualmente, estão passos à frente em termos de
secularização (melhor: passos atrás!). Caso não voltemos à Bíblia, sofremos
como eles e o adventismo vigoroso da América do Sul se tornará insípido.
Precisamos examinar a Bíblia, tanto para
conhecer a razão de ser adventista, quanto para avançar em nossa missão. Deveríamos
criticar, de um ponto de vista bíblico, livros e CDs evangélicos, ao invés de
copiar seus jargões e “inovar” com programas inspirados nessas obras. Em grandes
eventos, temos de deixar de contar com “artistas” de palco, que cantam músicas super-estimulantes
(sensorialmente falando) e enfatizar o raciocínio simples e calmo necessário a
um estudo bíblico eficaz. Sim, as pessoas precisam conhecer o brilho de nossa
mensagem sem o calor de emoções voláteis – emoções são parte do processo, mas
não a base do que cremos!
Se não mudarmos o jeito de fazer as coisas, o
resultado final não mudará: para saber o que nos aguarda, basta ver as igrejas
vazias, exceto por membros idosos ou, por outro lado, os louvores pentecostais,
os jovens com brincos e tatuagens e pregação não-bíblica, igual às congregações
norte-americanas…
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