terça-feira, 27 de outubro de 2009

APOSENTANDO OS MÍSSEIS




O cheiro de pólvora. O impacto dos estampidos. Cadáveres se avolumando, servindo de escudo para os soldados que rastejam. A morte a cada olhada. E a todo instante o pensamento que mobiliza: “Viverei para retornar ao lar?”

Guerras. Elas se confundem com a própria existência da maldade. “Houve guerra no céu”, afirma o Apocalipse (12:7). Desde então, a guerra não parou mais. Pedras e lanças. Arco e fecha. Tochas e fuzis. Canhões e mísseis. Obuses e abusos. Guerras na selva, na cidade, entre tribos e etnias, povoados e nações. Guerras pela independência e conquista. Pelo nacionalismo e contra ele. Guerras que mutilam, traumatizam e amedrontam. Sutis e violentas. Civis e militares. Todas as guerras estão hediondamente enraizadas no mesmo músculo da decisão: o coração humano.

O livro de Daniel também se inicia num contexto bélico. Os hebreus são arrastados de suas habitações para a terra do invasor. Seu templo é dizimado, abrindo uma ferida que, por décadas, permaneceu aberta. Jovens cativos como Daniel tiveram que sobreviver. Muitos o fizeram à custa da própria fé. Daniel e seus companheiros sobreviveram pela fé.

Em algum momento do livro, as visões anunciam que as disputas entre reinos se seguiram até o fim da História. Daniel viveu o bastante para acompanhar parte do processo. Ele já era idoso quando Babilônia caiu sem muito esforço. A Medo-Pérsia superou o reino de Belsazar apenas pelo uso da estratégia (Dn 5).

O livro de Daniel avança. Somos, então, colocados diante de um cenário de guerra que envolve os últimos acontecimentos no planeta. Em Daniel 11, estamos diante de um texto que desafia intérpretes e levanta muitas possibilidades. A linguagem, ao contrário daquela usada em outras profecias, é bem literal (embora não seja explícita, sendo necessário recorrer constantemente à História para entender de que trata o profeta).

Diversos personagens históricos desfilam pelo texto, a começar por Alexandre, o Grande (“rei poderoso”, v. 3, 4); os demais generais (Ptolomeu, Seleuco, Cassandro e Lisímaco) que dividiram o império de Alexandre, após a morte do líder, constituem dinastias em constante disputa (o “rei do sul”, Ptolomeu, e o “rei do norte”, Seleuco, juntamente com seus descendentes, são mencionados em todo o capítulo).

Em meio a tantos conflitos, a Grécia cai, dando lugar a um novo poder, associado com a “violência” (v.14). Um “homem vil” aos poucos se imporia sobre os gregos. Temos nesse contexto a ascensão de Roma; primeiro se enfoca Roma pagã (v. 21-23). Em seguida, a atenção é voltada para Roma papal (v. 31-45), cuja ação contra o povo de Deus, o engano e exaltação própria recordam o que está no capítulo 7 de Daniel. Principalmente a idolatria medieval (v. 36-39) e a perseguição religiosa (v. 33, 35, 41) são destacadas. Assustador, não é?

Da perseguição na Idade Média a profecia se volta para o fim dos tempos, caracterizado como “um tempo de angústia, qual nunca houve” (Dn 12:1; cf. Mt 24:21). Mas, quando tudo indica que os fiéis estarão perdidos, surge Miguel (Jesus), aquele que foi chamado de “filho do homem” no capítulo 7 (v. 13). O Juízo está terminado e garantida a ressurreição daqueles que se mantiveram ao lado do Mestre (Dn 12:2).

No juízo concretizado no segundo advento, Deus deixará claro que faz diferença entre bons e maus – os justos brilharão, vivendo num mundo sem guerra (v. 3; ver também Ap 21:4). O livro de Daniel termina com uma nota tônica de esperança! Aqueles que, por séculos, lutaram pela justiça neste mundo, poderão voltar para seu lar eterno, junto de Deus e Seus anjos! Maravilhosa recompensa!

O Rei salvará Seu povo, durante aquela que será a última guerra. De que lado você estará? Você tem pensado nisso, ou a acomodação com valores não-cristãos faz com que você evite meditar no fim? Já é hora de empunhar as armas da Verdade e se dispor ao combate, como soldado habilitado. É hora de aguardar o livramento, enquanto o perigo ainda se desenha no horizonte. É tempo de amar, servir, doar-se e estar em comunhão. Miguel, o Príncipe Guerreiro, já desembainha Sua espada. Logo Ele estará aqui para socorrer Seus súditos perseguidos pelas trevas. Ele acabará com todas as guerras e fará do mundo o quintal de Seu palácio. Atreva-se a viver ousadamente para enfrentar o mal, em nome de Jesus. Continue leal – fiel num mundo em crise –, como viveu o próprio Daniel.

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