quarta-feira, 19 de agosto de 2009

AS IGREJAS E A COMPULSÃO MORAL

Desde que na semana passada se iniciou o fogo-cruzado entre Record/Igreja Universal e Globo, as igrejas evangélicas se viram involuntariamente partícipes da batalha. Infelizmente, o vulgo não vê diferença entre esta ou aquela igreja. Quem se recordar da história de uma certa santa chutada por um certo bispo, resgatará a imagem de indisposição popular contra os crentes.

Com toda esta polêmica, um termo veio à tona: compulsão moral. Para a justiça de São Paulo, os pastores da Universal criavam um mal-estar por fazer os fiéis se sentirem obrigados a doar seus bens para a igreja. Esta pressão na hora do apelo constitui a tal compulsão moral.

Por que se preocupar com o assunto? Como as denominações cristãs ficaram mais visadas graças às acusações contra a igreja do Bispo Macedo, todo cuidado é pouco. Quaisquer atitudes durante o culto que constranjam ou levem as pessoas a decisões por impulso correm o risco de serem rotuladas como compulsão moral.

Temos que ser sensíveis ao momento. Agir com cautela é uma das recomendações dadas por Jesus aos primeiros evangelistas (Mt. 10:16). Ao levarmos as pessoas à decisão pelo Salvador, devemos manifestar tato. Ao longo da história cristã, o texto de Lucas 14:23 ("força-os a entrar") tem sido mal compreendido. Longe de pregar o "evangelismo compulsório", a parábola apenas usa uma expressão de linguagem para realçar a necessidade de se esforçar pela salvação de pessoas. Não obstantes, alguns, até hoje, literalmente forçam as pessoas a aceitar o Reino de Deus.

A realização de batismos prematuros, em pessoas que não tinham maturidade espiritual ou que simplesmente não haviam se decidido, ainda é pedra de tropeço na igreja. De que valem todos os esforços posteriores, com classes de discipulado, estratégias de integração social ou coisas semelhantes? Se ninguém se casa sem a devida consideração - ou quando o faz, não mantém o compromisso por muito tempo - porque deveríamos incentivar quem quer que seja a aceitar o batismo ("casamento" da alma com Cristo) de forma irrefletida? Se isto já acarretou sérias consequências à igreja, muito mais agora deve-se evitar a prática. Afinal, tudo pode servir de pretexto nas mãos de Satanás, a fim de evitar que o povo de Deus termine a pregação, o que culminaria na volta de Jesus (Mt. 24:14). Tomara que a conscientização sobre este tema seja acompanhada de reflexões sérias e espirituais - e sem nenhuma compulsão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Douglas,

Realmente, se fizer uma pesquisa nas congregações locais, uma verdade virá à tona: Os membros mais envolvidos com a obra são aqueles que aceitaram a Cristo sem compulsão. Em minha igreja existem vários exemplos de irmãos que, após o estudo da Palavra, começaram a freqüentar a igreja regularmente, com suas lições da ES, se tornando fiéis em todos os aspectos da vida cristã e, após algum tempo, foram batizados, porque pediram e não "por força, nem por poder, mas pelo Espírito Santo..."
Marco Aurélio.