quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

EVANGELISMO CONTEMPORÂNEO (OU: CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÁRVORE DE ZAQUEU)



O texto abaixo se trata de uma alegoria. A alegoria aqui não é empregada como método interpretativo da Bíblia, mas como ponto de partida para a reflexão.

Zaqueu estava esbaforido. O velho publicano, grisalho e bem adornado, chegou para ver Jesus. Como os sicômoros são demorados para crescer, o evangelista contemporâneo deu um jeito: construiu um exemplar artificial desse tipo de figueira – afinal, Zaqueu precisa de uma árvore para subir.
E Zaqueu percebeu que a árvore era menor e menos sólida do que seria necessário. O publicano até poderia subir nela mais facilmente; mas o problema é que ela não o levaria muito longe e nem próximo o suficiente de Jesus.
Na verdade, a tal árvore artificial lhe parecia invertida, pois ao invés de apontar em direção ao céu, estava voltada para o solo, como um chorão. O sicômoro fabricado pelo evangelista para ser atraente, era uma paródia do original. Jamais poderia cumprir seu propósito de acolher Zaqueu.
Zaqueu percebeu que ali as crianças armavam seus balanços e os namorados entalhavam corações ali. A árvore era puro entretenimento. Embora sua sombra não fosse acolhedora e sua copa se mostrasse pouco basta.
Mesmo assim, Zaqueu experimentou subir no sicômoro falso. A árvore tremia toda, o que dava vertigens a ele. Nenhum aspecto dela tinha naturalidade ou características legítimas. Suas sementes poderiam ser novas, mas, certamente, eram de qualidade duvidável, porque geraram uma planta estranha ao reino vegetal…
E Jesus passou. A árvore trepidava, Zaqueu se esforçava; porém, só ouviu Jesus, discreto e bondoso: “Filho, eu sei que você é sincero; então, procure uma árvore melhor, já que essa cairá em breve, porque não foi meu Pai quem a plantou.” E Zaqueu, adiantando-se, procurou um sicômoro autêntico na próxima esquina, para ver Jesus com segurança.



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