quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

EM RAZÃO



Matizes de intolerância,
Cenhos obcecados;
Sanha e ânsia,
Obtidas pelos pecados
– No jardim surge a senha: fragrância.

Há rastros de um Homem que anda
Com dificuldade.
Dor nefanda
(Restringe-Lhe a adversidade);
E o inimigo se ufana e ciranda.

Ao espectro de palidez
Impacta o castigo
– Murcha a tez,
Ele marcha a sós Consigo
(Cada amigo dorme uma outra vez).

Latejar de mãos feridas;
Erige-se o lenho
– Cenas lidas,
O muito-em-breve em desenho,
E Seu bravo empenho pelas vidas.

Esbraveja um som receoso,
Reverbera rouco:
“Quão custoso!
Vibras por quem vale pouco!
Deixa-o, volve ao local de alto gozo.

“Deixa, entregue à sorte o ingrato:
Sofra ele o juízo,
Teu justo ato,
Safra do que olvida o aviso,
Que opta por jazer num desacato.

“E vieste bater-lhe à porta!
És rachurelado,
Forma morta,
Que ao olhar não tem cativado;
O homem, Rei-Deus – não vês? –, não se importa!”

Agarra a terra a mão branca…
Do cálix, fel bebe!
O ar arranca
O balbuciar da plebe,
Vindo ao encontro da sombra manca.

Prendem-no aos sopapos – sai
Empapado do horto.
Quem o trai
Vê no olhar o de alguém morto,
E assim mesmo, o olhar é o de um pai.

Entre o Céu e a Terra exposto,
Por épocas busca
Só o gosto,
De ter Se gasto em dor brusca
Para ver entre os salvos teu rosto.



Um comentário:

Anônimo disse...

Traz no coração da gente a tristeza da cena do horto...Mas é muito bom refletir nela e nos perguntar, ainda hoje:como estou magoando meu Jesus?

Sonineca