segunda-feira, 31 de maio de 2010

A NOVIDADE

Na selva ria-se o bugio,
Encarcerado nos soslaios logo abaixo,
Inquieto e tênue, como os esguichos de um riacho,
Tão vígil como a voz de um rio.

Do cimo árduo, as hordas de símios,
Nas vociferações óticas, glossolália
De lamúrias. Se a língua é folha que farfalha,
Mudos os homens são exímios.

Em cifras tudo chega a todos,
Não por radiação do sentimento humano;
Pela imoderação global, planta do engano
– Da natura partem denodos.

A Criação constata em si dor,
Semelhante a que lê sem alfabeto em rostos.
E os companheiros, rei e rainha depostos,
Vão-se à sombra do Usurpador.

Às portas, sentem definhar.
Delfins veem ao longe e orquídeas confidentes...
A morte começou seu processo. Correntes
De ar nóxio arfam fora do lar.

Toda aquela vida deixada!
Eles se abraçam, cada qual mais temeroso,
Não mais trazendo à tona pelo ausente gozo
Que uma lágrima torturada.

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