Os
cabelos brancos derramando-se em franjas esvoaçantes não obliteram as rugas.
Mas quem disse que o público feminino se importa com detalhes? Quando o assunto
é Antônio Fagundes, as mulheres são todas suspiros. O ator, com 60 primaveras,
que atualmente protagoniza a novela das 7 na Globo, concedeu uma entrevista ao
jornal catarinense A Notícia (Sexigenário sem vaidade, 10 de Maio de 2010,
seção Anexo, p.10).
Entre
os diversos assuntos da pauta, em certo momento, Fagundes é perguntado sobre
como a religiosidade lhe acompanha. “Sou agnóstico, o mesmo que um ateu
preguiçoso. Não penso em Deus, acho difícil de acreditar. Como é só uma questão
de fé, não dá nem para falar sobre. Acredito, sim, no homem ético, naquele que
quer se colocar bem diante de seu próximo. Mas não preciso de Deus para isso.
Não faço por medo, mas por convicção.”
A
declaração é sintomática do espírito antirreligioso do século. Não mais o ateu
rancoroso (embora dinossauros como Dawkins ainda ocupem suas bancadas), mas o
cético desinteressado. Aliás, genial a definição de agnosticismo. O agnóstico
não representa um meio termo entre crer e descrer, porque seu pressuposto o
leva a apostar no lado da descrença, ainda que ele não entregue todas as moedas
para o crupiê, à semelhança do ateu.
Fagundes
parece entender o que ele chama de “questão de fé” como algo que tanto faz.
Entretanto, isso é minimizar a espiritualidade através da equiparação de todas
as crenças. Não me soa racional dizer que tanto faz ser um monge tibetano
quanto seguidor de Maitreya, pelo
simples fato de que ambas as crenças guardam inúmeras diferenças; ademais, seus
seguidores, uma vez moldados por elas, terão vidas completamente distintas.
E
o que dizer da crença do ator no “homem ético”? Eticistas seculares partem de
uma base antropocêntrica para a construção de seu ideal ético. Mas se tomarmos
o homem como linha de partida, teremos no mesmo homem a linha de chegada! A
ética centrada no homem e em suas necessidades não leva a fim algum, porque
confia demais na vontade humana. O próprio Fagundes confia excessivamente no
ser humano, quando dispensa Deus. Ele também se esquece da evidência de que
precisamos de um padrão transcendente: a moeda corrente de nossos valores tradicionais
se acha compromissada com a ética bíblica.
Nem
preciso ir longe para validar a afirmação: quando Antônio Fagundes fala em “se
colocar bem diante do próximo”, ele recorre, inadvertidamente, a um conceito
bíblico – o “próximo”. Qualquer pessoa que conheça um pouco de cultura antiga,
sabe que as civilizações do Antigo Oriente atribuíam valores diferentes às
pessoas, quer segundo sua ascendência, status social ou qualquer outro fator.
Apenas os hebreus, que aprenderam a ideia de Jeová, partiam do pressuposto de
que todos os homens têm inerentemente o mesmo valor. Sem uma justificativa
transcendente, a ética não possui referenciais absolutos.
Por
último, ao descartar Deus, o galã Fagundes deixa nas entrelinhas sua visão das
pessoas cristãs: elas fazem o que fazem por medo, não por convicção. Sim,
porque a convicção pertence aos agnósticos, como o próprio Fagundes… Sem
dúvida, há pessoas religiosas motivadas pelo medo. Porém, no Cristianismo
bíblico, o medo é descartado, pois “o perfeito amor lança fora o medo” (1 Jo
4:18). Que bom seria se Antônio Fagundes e tantos outros deixassem de lado a
preguiça do agnosticismo e procurassem experienciar esse amor de Deus.
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