Alguém aí precisa de um bruxo?
Observe que há tempos os comícios cederam a vez para os showmícios. Não estou pedindo a volta de discursos inflamados, recheados com promessas vagas e musiquinhas que insultavam a inteligência da população. Abaixo os comícios, retóricos e antiquados! Em seu lugar, porém, deveríamos esperar que os candidatos apresentassem o plano de governo, respondessem perguntas, enfim, nos convencessem. Mas, o que é isso, minha gente? Aqui é terceiro mundo! E o povo quer é mais festa. Daí, os candidatos pensam: "Vamos chamar alguma dupla sertaneja e subir no palco com eles, abraçar meia dúzia de artistas (de preferência, os globais) e enxugar as promessas, porque o povo nem mesmo ouve o que se diz!"
A práxis eleitoreira no Brasil evoluiu dos conchavos e da retórica, que impressiona sem comunicar, para o foco na imagem do candidato e nas personalidades anexadas à sua companha. Até nas atuais conjunturas, quando o país atravessa (mais) uma crise ética na política, é de se questionar que as ideias sejam postas nos holofotes.
Prova de que a imagem do candidato continuará em foco é o sintomático exemplo de como o PV está ocupado em buscar boas companhias para acompanharem Marina da Silva no palanque. A ex-ministra, ícone da luta em defesa do meio ambiente, evangélica e com histórico de boa menina, ainda não tem, diríamos, apelo suficiente. Além de usar frases de seu guru intelectual e apoiador, o escritor Augusto Cury, Marina ainda poderá receber apoio de dois outros escritores: Paulo Coelho e Gabriel Chalitta (também vereador paulista pelo PSDB).
Causa estranheza que uma candidata evangélica se associe com um autor de tendências esotéricas (não à toa conhecido como Bruxo) e outro conhecido pela sua amizade com um padre (Chalitta escreveu um livro em parceria com Fábio de Melo, o padre-pop do momento) - ainda que essa associação aconteça por força do partido. Mas tudo em nome da imagem! Quem sabe algum dia as ideias ganhem algum destaque na política tupiniquim...
Nenhum comentário:
Postar um comentário