terça-feira, 15 de setembro de 2009

A HUMANIDADE DE PIJAMA LISTRADO


As perguntas mais ingênuas feitas por Bruno (Asa Butterfield) ganham a mesma intensidade que seus penetrantes olhos azuis. No decorrer da ação de O menino do pijama listrado (direção: Mark Herman, EUA Inglaterra: 2008) uma realidade cruel se apresenta ao pequeno alemão de 8 anos, filho de um oficial nazista.

Por acaso, o menino, entediado com a nova casa (para a qual a família se muda depois que o pai é promovido),descobre um campo de concentração, embora ele não imagine o que seja isso. A partir de então, Bruno desenvolve amizade com o menino judeu Schmuel (papel do excelente Jack Scanlon), o que lhe permite penetrar num mundo diferente do seu - o da miséria humana, da tortura no campo de concentração, dos desaparecimentos sem causa e dos trabalhos forçados.

O que a mente do "explorador" Bruno não consegue conciliar é que seu pai (David Thewlis)seja responsável pelo sofrimento de tantas pessoas, o que o leva a lutar para justificar a ação paterna, perguntando-se se os judeus seriam realmente maus (como quer seu tutor) e mereceriam sofrer. Ao mesmo tempo, o garoto não vence acompanhar a mudança de mentalidade pela qual a irmã mais velha passa; a garota se torna uma nazista fanática, que defende a dizimação dos judeus.

Dramas comuns à infância, como a simplicidade no perdoar, a intromissão dos adultos nos relacionamentos infantis e a própria descoberta da complexidade do mundo, se conjungam com o sufocante clima de tensão na época da Guerra. O mal-estar maior se reflete na depressão que a mãe de Bruno (Vera Farmiga) sofre, ao descobrir o fim dado aos judeus no campo próximo de casa.

O desfecho, súbito e doloroso, desnuda qualquer conceito de superioridade de uma raça sobre a outra, mostrando que, quando estamos do mesmo lado da cerca, somos todos iguais. Desconfio que, por baixo de pijamas listrados e uniformes da SS, existisse a mesma carne e o mesmo sangue.

Um comentário:

Meu Cotidiano disse...

Vi o filme, e não passa da banalização do holocausto.
Pintar um um lindo quadro pueril tendo um pano de fundo que não deve ser mascarado, utlizado para poetização, muito menos para fins imbecis como este que só visa o entretenimento.

O holocausto aconteceu, acontece hoje pequenos exemplos dele em cada cidade deste mundo e acontecerá novamente, pois o gênero que se diz "humano" tem memória curta mas instinto animal.