Pequenos atos e
pequenas pessoas, muitas vezes, podem fazer uma diferença muito maior do que
supomos. Uma das histórias mais famosas da Bíblia e que mais tem intrigado os
arqueólogos interessados em explorar o Antigo Oriente Médio é o episódio do
êxodo do Egito.
Um achado arqueológico
exposto no Museo Gregoriano Egiziano pode lançar luz nessa nossa viagem no
tempo. O museu é sediado no Vaticano e foi fundado em 1839 pelo papa Gregório
16, com o objetivo de reunir artefatos do antigo Egito, tendo em vista sua
íntima relação com a Bíblia.
Do ponto de vista
da arqueologia bíblica, o ponto de partida é verificar que tipo de dado
cronológico a narrativa nos oferece para descobrirmos a época do Êxodo. No
livro de 1 Reis 6:1 está escrito que o quarto ano do reinado de Salomão corresponde
ao ano 480 desde a saída do povo de Israel do Egito.
A data
convencionalmente aceita para a morte de Salomão é o ano 931 a.C. e, de acordo
com o relato bíblico somos informados de que ele reinou durante 40 anos (1Rs
11:42), o que nos leva ao início do seu reinado no ano 970 a.C. Dessa forma, o
quarto ano do governo dele deve ter sido em 967/966 a.C. Voltando 480 anos,
chegaríamos à data do êxodo em 1447/1446 a.C.
Mais importante
que o ano em si, pois é possível que haja alguma pequena margem de erro na
contagem dos calendários antigos, é importante perceber que a Bíblia coloca o
êxodo em pleno século 15 antes de Cristo, época da 18ª dinastia egípcia.
Esse período da
história egípcia é muito interessante para o estudante da Bíblia. Em primeiro lugar,
porque a dinastia anterior não era de faraós 100% egípcios, mas quem estava no
poder do país era um grande grupo semita chamado de hycsos. Eles eram parentes
distantes da família de Abraão, parentesco que talvez explique por que José foi
tão bem aceito como alto funcionário do Egito.
O fato é que
algum tempo depois de José, os hycsos foram expulsos do país e aí começou a 18ª
dinastia. E como é de se imaginar, nesse novo governo, o possível parentesco de
José com os antigos dominadores do Egito deve ter contribuído para que os
hebreus fossem escravizados.
Se Moisés tinha
cerca de 80 anos quando liderou o êxodo, descontando os 40 anos que ele passou
em Midiã (At 7:23) e mais seus primeiros 40 anos que viveu na corte egípcia (At
7:30), isso significa que ele nasceu por volta de 1527 a.C.
Se assim for,
nessa época quem reinava no Egito era Tutmoses I, faraó que possuía uma filha
de muita personalidade, cuja idade permitia que ela fosse uma adolescente a se
banhar no Nilo exatamente no dia em que seria surpreendida por um cesto boiando
com uma criança em seu interior.
Essa adolescente,
totalmente devota ao pai, teria se compadecido da criança e lhe dado um nome de
acordo com a dinastia de Tutmoses I, o nome Moses. As evidências apontam que
essa princesa poderia ser Hatshepsut.
Mulher de tanta
força que chegou a se manter como uma das maiores (e poucas!) rainhas do Egito
até sua morte.
O estudo do
êxodo, contudo, possui alguns desafios. Um dos maiores era o costume entre os
antigos egípcios de apagar ou reescrever a história oficial, de modo que
ficasse mais conveniente para o faraó que estava no poder.
A própria
Hatshepsut foi prejudicada por esse hábito. No fim do reinado do seu sucessor,
Tutmoses III (o filho dela), um esforço sistemático foi feito para apagar todos
os registros históricos dos feitos da rainha, fazendo assim que os créditos
pelos empreendimentos da mãe Hatshepsut fossem dados ao filho Tutmoses III.
De qualquer modo,
vale a pena reparar que enquanto o foco de muitas pessoas está nas grandes
coisas ou realizações, Deus usou uma adolescente que se compadeceu de uma
criança para salvar toda uma nação. Outra lição é que: embora os homens, por
vezes, desejem mudar o passado, algumas coisas simplesmente não podem ser
esquecidas ou apagadas para sempre.
Disponível em Conexão2.0
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