Quando
ouço as pessoas dizendo que a mensagem do Apocalipse é simples, sinto um misto
de felicidade e preocupação. Claro que me alegra saber que mais gente estuda e
entende as Escrituras, porque Deus nunca destinou o conhecimento delas para
meia dúzia de acadêmicos. A preocupação decorre da pouco divulgada defasagem
que temos quanto ao estudo do Apocalipse. Isso faz com que, em nível popular,
tenhamos a impressão de tudo ser muito simples. Ledo engano!
Os
principais materiais que temos em português sobre o estudo do Apocalipse são
dois livros: Revelações do Apocalipse,
de Roy A. Anderson e Uma nova era segunda
as profecias do Apocalipse, cuja autoria pertence a C. Mervin Maxwell. Há méritos
nos dois trabalhos. Entretanto, eles estão datados. O estudo do último livro da
Bíblia avançou depois dessas publicações, que contam com mais de duas décadas.
Entretanto,
sobre esses dois pilares são criados estudos bíblicos (como a conhecida série
de Daniel Belvedere e outras que vieram em sua esteira), séries de conferências
e programas de televisão. A massificação do conhecimento antigo e defasado
passa a impressão de que tudo que poderíamos saber sobre o Apocalipse está à
mão. E em muitas regiões do país, não faltam irmãos que repetem esse
conhecimento com tanta segurança que são considerados profundos conhecedores do
assunto.
O
espírito de nossos pioneiros consistia em estudar a Bíblia com oração e buscar sua
compreensão mais profunda. Eles não aprovariam uma igreja que estacionasse em
sua pretensão de conhecer a verdade, mas que, de fato, não conhecesse toda a
verdade. E como podemos saber que o estudo do apocalipse ainda é relevante?
Simples: basta ver o número de livros que são publicados sobre o apocalipse por
estudiosos adventistas em inglês (e outras línguas, como uma obra recente em
alemão, do teólogo adventista Ekkehardt Mueller).
Em
muitos dos livros mais recentes, embora o princípio historicista da igreja seja
mantido, a interpretação de detalhes (como as sete trombetas, por exemplo)
diverge do que sempre se ouviu (e ainda se ouve) dizer em nossos púlpitos. Sim,
os estudos avançam, novas conclusões surgem e por aqui ninguém fica sabendo de
nada. A impressão é que apenas no Brasil paramos no tempo…
A
solução? Orar para que nossas editoras se animem a traduzir coisas novas. Para quem
lê em inglês, procurar materiais e artigos disponíveis gratuitamente, escritos
pelos mais lúcidos teólogos adventistas em atividade. E, acima de tudo, estudar
o Apocalipse, em consonância com a base profética dos adventistas. Autores
nacionais, como Vanderlei Dorneles, têm se desbravado a fazer isso. Que Deus
levante outros como eles. Afinal, o Apocalipse não é a revelação de Jesus para
Seu povo? Está mais do que na hora de estudarmos isso com mais seriedade.
Um comentário:
Douglas, há dois ancos tenho estudado livros do Hans La Rondelle sobre o Apocalipse junto com um amigo, e posso afirmar que os materiais deste autor são excelentes, porém faltam livros novos, faltam novas descobertas, pois ainda há profecias no Apocalipse que precisam ser estudadas e desvendadas. Noto que aqui no adventismo do Brasil há um certo medo de se tocar no assunto Apocalipse, principalmente em pontos tidos como "polêmicos", por exemplo As 7 Trombetas e Apocalipse 17. Parece que já sabemos tudo e não precisamos estudar, e o pior é que se alguma nova interpretação surge, é tida como alarmismo ou sensacionalismo. Outro argumento que ouço muito é que nossa doutrina esta fundamentada no historicismo. Compreendo isso, realmente é importante, mas como tem sido colocado, qualquer interpretação para o nosso tempo é tido como um crime, pois só podemos olhar para trás, nunca para o agora e o futuro. É lamentável que achemos que sabemos tudo e não precisamos de mais nada. A história do adventismo começou com o estudo das profecias e precisa terminar com os estudos proféticos, é nosso DNA. Sem profecia, o resultado é a tragédia espiritual.
William Fernandes de Sousa
IASD Campo Limpo Paulista
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