A criança foi preparada para esperar algumas semanas pela ida da
família ao parque de diversão. A promessa sempre lhe pareceu convidativa – quem
não gostaria de estar entre montanhas-russas e tobogãs, segurando algodão-doce?
Mas a maneira de contabilizar o tempo é diferente para as crianças pequenas. Os
ponteiros parecem mais lentos e as folhas do calendário se despregam como
lesmas cansadas.
A criança sente o entusiasmo expandir-se como uma bolha de sabão, que
logo explode sem muitas razões. O pai avisou a criança que o grande dia
chegaria e recebeu um sorriso postiço de resposta.
A história de expectativas deixadas e esperanças desaceleradas não lhe
parece estranhamente íntima? O Pai prometeu o Reino. Disse qual seria o
percalço até as coisas acontecerem. E hoje o desânimo não esconde a descrença
alojada; pelo contrário: as desculpas que damos tornam claro que já desanimamos
com o Reino.
Sabíamos que o ecumenismo cresceria, mesmo em um tempo em que o termo
não estava em voga (mas se pregava a tal da “união das igrejas”). Hoje isso
está acontecendo, mas não julgamos que seja cumprimento profético (coisa de
gente preconceituosa e “dona da verdade”); trata-se do cristianismo unido em
torno de Jesus!
Sabíamos que a lei de Deus seria atacada e questionada. Afirmávamos a
necessidade de defendê-la mesmo que custasse a própria vida. Hoje, exceto pelos
surtos alarmistas (“corram, o decreto dominical já foi assinado, salve-se quem
puder!”), gostamos de pregar sobre a graça. Principalmente aquela versão da
graça que nos permite viver a vida de pecado sem ser incomodados, porque, se o
importante é viver com Jesus no coração, para que se preocupar com roupas,
entretenimentos e consumismo?
Sabíamos que a fé exigia renúncia, abnegação, luta constante contra o
eu e propagávamos ser nosso dever lutar pela perfeição cristã (entendida como
integridade atingida pelo poder divino concedido a quem se conecta com Jesus
por meio da Palavra). Agora, esse é tema dos fanáticos e tradicionalistas. Pode-se
conceber um adventismo sem pré-requisitos, regado a fast food , adrenalizado pelos lançamentos
de Hollywood e pautado pelo american
way f life.
É triste constatar isso, mas a visão do parque ficou esquecida pela
criança em sua imaturidade. O Reino está derramando seus raios, mas fechamos a
cortina, viramos para o outro lado e queremos dormir um pouco mais.
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