
(2010)
Misantropo (em sentido urbano), a persiana
Lhe expõe a halos sutis, e realça o uísque suspenso
No copo inquieto, e ele só não grita por bom senso,
Se lhe sobrou algum, posto a vontade insana
Se infiltrar sob cautelas sem termo, uma gana
De vibrar mais, mas com o quê? Move-se e é denso
O óleo no corpo, o ocre no olhar, o tom do lenço,
E assim densa, se assenta aos poucos, sucerana
Por julgá-lo vassalo, até ficar bem claro
Que o que fizeram não conta mais, pelo menos
Para ele, que acalenta o abismo sem reparo
Até o almoço, quando a moça o deixa a sós.
Xinga-se, tanto quanto amor jurara à Vênus,
Sem que sentisse o amor vindo da própria voz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário