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“Gosto daquela frase do Chesterton segundo a qual quando as pessoas deixam de acreditar em Deus não passam a acreditar em nada, passam a acreditar em qualquer coisa. As grandes utopias sociais acabaram, ou estão em recesso, mas o mais preocupante no mundo hoje é o que as pessoas estão dispostas a acreditar, por mais irracional ou primitivo que seja. Há uma retribalização da humanidade em curso e a guerra entre os monoteísmos é apenas uma das evidências disso. As utopias pelo menos pressupunham um desejo de organização social pela razão [racionalismo], ou pelo altruísmo [oriundo do positivismo], mas o desejo dominante hoje parece ser o de embotamento da razão por um sentimento tribal, qualquer sentimento tribal. A causa pela qual vale a pena lutar é uma ideia da sociedade, daquilo que a Margaret Thatcher dizia que não existe, uma ideia de comunidade e justiça compartilhadas, acima das ambições e da moral do mercado.”
Luís Fernando Veríssimo, em entrevista à revista Caros Amigos, ano XI, número 130, 2008.
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