domingo, 31 de janeiro de 2010

OS VENDILHÕES VOLTARAM PARA O TEMPLO


RIO - A Sony Music anunciou a criação de um selo gospel e pretende contratar de 15 a 20 artistas evangélicos, além de criar um catálogo internacional. Em comunicado, a gravadora afirma estar atenta ao "fenômeno" gospel, que arrebata "um enorme contingente de fãs e simpatizantes" em todo o país. Para lucrar com o segmento, o segundo gênero musical mais vendido no Brasil, foi contratado o executivo Maurício Soares, que tem larga experiência no segmento e passagens pelos selos MK Publicitá, Line Records e Graça Music, que distribuem artistas evangélicos. "Queremos unir o que há de bom na música gospel com a expertise profissional da Sony Music. Creio que em pouco tempo o mercado irá perceber as grandes transformações desta nova filosofia de trabalho", disse o executivo. Não foram anunciados, no entanto, nomes que a gravadora pretende contratar.


Com tantos artistas seculares se convertendo, cresce o prestígio comercial da música gospel. Nomes como Rodolfo Arantes, Regis Danese, Aline Barros, apenas para citar alguns, contribuem para a popularização de tendências e venda de produtos para um mercado crescente.

Num país de forte tradição evangélica como os Estados Unidos, a música religiosa já é assumidamente um produto do capitalismo religioso, o que às vezes é camuflado por supostas intenções evangelísticas ou mero background cultural.

Entretanto, muitos conjuntos funcionam como lucrativas empresas. E à semelhança das bandas seculares, o sucesso e os lucros costumam causar cizânias, conduzindo ex-integrantes de grupos famosos a convenientes carreiras solos.

Na década de 90, o tenor Brian Free fez sucesso com seu timbre agudo, gravando com oantológico quarteto Gold City. O último álbum da fase de ouro (que contava ainda com o lead Ivan Parker, a voz por traz de Midnight Cry) foi A capella Gold. Depois disso, Free fundou seu próprio quarteto, o Assurance.

No site do grupo, Brian Free destaca sua passagem pelo Gold, mas frisa que agora tem seu próprio quarteto (que, aliás, segue o mesmo estilo do Gold City, que continua sendo liderado por Tim Riley e família). Alguns ex-membros do conjunto Acapella, também se associaram, formando o Exapella, cujo repetório não passa das velhas e conhecidas músicas de sua antiga compania. O esforço tem lá seus méritos por reunir Kevin Schaffer, Duane Adams, Gary Moyers e Gary Evans numa mesma formação.



Um caso ligeiramente diferente é o Gaither Vocal Band: o quarteto, que recentemente completou jubileu de prata, sempre apostou em suas estrelas, o que custou ao produtor musical Bill Gaither um enorme trabalho para substittuir os cantores quando esses decidiam-se pela carreira solo, como aconteceu com Terry Franklin, Michael English e David Phelps, entre outros.

Agora, Bill reuniu English (uma mera sombra da voz que foi), Phelps (cada vez estrela) e Mark Lowry (comediante e barítono nas horas vagas) a Wes Hampton (o tenor que substituíra Phelps), formando com eles um novo grupo, desta vez um quinteto (Bill canta baixo; ou tenta…). Certamente, carreiras-solo sem muita empolgação contribuíram para os ex-componentes voltarem.



Mas que ninguém se iluta: ministérios personalíssimos, performances surpreendentes e o aspecto de um culto animado escondem o que o gospel, em todas as suas vertentes – dos quartetos às bandas, dos caipiras aos metaleiros, do country ao pop – tem de mais comprometedor: seu lado explicitamente comercial. Ou seja: os vendilhões voltaram para o templo!

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4 comentários:

Equipe JA - Central Jlle disse...

Pastor! Eu soube pelo Hugo(meu namorado) a pouco tempo que vc tinha um blog, e encontrei! Nossa, parabéns pelo conteúdo e a forma como vc os explana!..
Eu Criei um blog recentemente para o JA, pois acredito que temos que revitalizar a igreja (não adaptar, mas encontrar formas de chamar a atenção dos jovens) e espero que realmente ganhe o impacto que queremos esse ano.
Ah..Acho que você nem sabe quem ta falando né?! Meu nome é Milena Flores, eu sou membro da Central e realmente admiro os seus sermões e seu esplícito interesse por história! Já Aprendi Muito! E olha que na minha posição (nascida na igreja) é difícil de ouvir outras ligações de uma história que costumamos ouvir desde o rol do berço!
Acredito Piamente que você será uma grande benção na nossa Igreja!
E espero que vc também esteja ligado ás nossas programações JA.

Que Sua Vida continue sendo um testemunho Vivo!
Boa Semana!

Anônimo disse...

QUERIDO PASTOR DOUGLAS!
AQUI É O GILBERTO, DO QUARTETO A7, ESTE É O MEU 1º COMENTÁRIO EM SEU RIQUÍSSIMO BLOG, ADMIRO SEUS CONHECIMENTOS, E CONCORDO COM SUA OPINIÃO, "OS VENDILHÕES VOLTARAM PARA O TEMPLO", MAS O MEU 1º COMENTÁRIO É:
"NÃO SABIA QUE GOSTAVA E SABIA TANTO SOBRE MUSICA",HEHEHE.
2º - PRA QUEM CONHECE DE QUARTETOS COMO O GVB (GAITHER VOCAL BAND), SABE QUE ESTA ÚLTIMA FORMAÇÃO (QUINTETO), DIFICILMENTE VAI AGRADAR COMO A ÚLTIMA EM QUE O 2º TENOR "GUY PENROD" FAZIA PARTE, MAS PRA QUEM SABE A SUA HISTÓRIA, DEVE IMAGINAR QUE ELE TENHA SAIDO JUSTAMENTE POR TER SE PERDIDO O VERDADEIRO ESPIRITO DA VERDADEIRA ADORAÇÃO, NÃO QUE EU NÃO GOSTE MAIS DO GVB, MAS SINTO SAUDADES DO GVB DE ANTES, AGORA VIROU PURO SHOW, TALVEZ PQ O VELHO BILL GAITHER TENHA SE INFLUENCIADO PELO "SHOW" DE DANÇA E BADERNA DO SIGNATURE SOUND QUARTET DO 1º TENOR ERNIE HAASSE, QUE CANTAVA NO BELO QUARTETO CATHEDRALS, MAS AS COISAS MUDARAM BASTANTE.....
NO ÚLTIMO "TREINAMENTO DE EVANGELISMO", FEITO NO CAJ, PARTICIPEI DO CURSO DE "MUSICA", GOSTEI E VI QUE MUITOS AINDA TEM MUITAS DUVIDAS, MAS COMENTAREI SOBRE ELAS EM UMA OUTRA OPORTUNIDADE, O QUE IMPORTA É TREMOS EM MENTE QUE "O LOUVOR (VERDADEIRO) MECHE DA CINTURA PRA CIMA".
DEUS ABENÇOE A TODOS
DIOS BENDIGA A TODOS
GOD BLESS ALL
GILBERTO
2º TENOR DO QUARTETO A7.

douglas reis disse...

Gilberto e Milena,

sejam bem-vindos ao Questão de Confiança. Obrigado pelos elogios e pelo apoio. Sintam-se sempre à vontade para participarem das discussões.

douglas reis disse...

André,

Reconheço que os pointos em que discordamos não sejam muitos. Mas alguns, talvez sejam mais significativosa do que outros. Quando, por exemplo, estabelece que pregar o evangelho concede o direito de viver dele, temos de nos lembrar que ele fala do ministério de pregação apostólica, não musical - e o contexto deixa isso claro.

Algumas passagens bíblicas nos levam a crer que, mesmo Paulo, temporariamente deixou de se valer do recurso dos dízimos, e isso em Corinto, passando a exercer o seu ofício, ie, fabricar tendas.

Claramente, o exercício de uma atividade remunerada paralela exclui um ministro de receber seu sustento dos dízimos, e você sabe disso.

Quanto aos pastores que escrevem, o Pr. Bullón não é o único; mas vou me apropriar do exemplo dele, já que você o citou. Os p´rimeiros livros do Pr. Bullón eram sermões, que foram transformados em livros. E muitos dos mais recentes se tratavam de projetos evangelísticos, escritos a pedido da própria Igreja. Pelo que sei, boa parte dos direitos autorais foram cedidos, em prol da própria igreja.

Seja como for, ninguém pode alegar que o Pr. Bullón tenha vivido uma atividade pararela a do seu ministério. Quem sabe, agora jubilado, ele realmente se dedique à carreira literária...

Não creio que a música seja profundamente intangível e creio ser possível diferenciar música cristã de música não-cristã (aliás, já escrevi sobre isso...). Não espero, porém, que a música atual seja semelhante ao que se produzia 30 ou 40 anos atrás; penso que a música deva ser compatível com a relevação objetiva.

Do contrário, se não houvesse qualquer diferença entre música sacra e secular, porque especialmente Ellen White iria repreender cantores de sua época em aspectos específicos, se estavam dentro da cultura da época? Pode-se imaginar que mais do que adequação cultural seja necessária para caracterizar uma música como "correta".

Muitos grupos cristãos fazem sucesso, de crítica e público. Mas você crê que a única forma de avaliar o impacto de seus ministérios seja apenas sua popularidade? Esse tipo de argumento poderia ser usado em outros aspectos, alguns mais delicados: será que toda igreja que "enche" está sendo abençooada por Deus? Será que conversões em massa que acontecem em algumas denominações são genuínas? Ou tudo é muito subjetivo, estando aciuma de nossa capacidade humana de avaliação?

Um bom sábado