sábado, 11 de outubro de 2008

A MUSA DO VENTO


Hoje é uma data muito especial. Minha esposa faz aniversário. Sou muito grato a Deus por estar ao lado desta mulher incrível e poder comemorar mais um ano de vitórias. Tem sido uma bênção aprender a cada dia com uma mulher tão dedicada e competente como minha esposa Noribel. Dedico a ela este poema, feito na época em que ainda namorávamos.


Eu vim de longe até o alto da serra,
Gastando meus pés por caminhar tanto,
Com o fim de propor termo a esta guerra.

Diziam que moravas nesse canto
Tão alto e desolado, esguio vento,
E cobrias os montes com teu manto.

Dada a seriedade do momento,
Venho sem marcar hora e sem aviso;
E conheças talvez qual seja o intento

– Vejo que sim, por teu cínico riso.
Não sabes como tiras minha calma
Com teu procedimento sem juízo:

Se pelo campo tenho ao lado da alma
Aquela em cujos olhos vejo o mar,
E sua palma tenho em minha palma,

Logo apareces para atrapalhar
O carinhoso encanto do namoro,
Passando os loiros cachos a soprar.

Se cabe a toda a natureza em coro
Apreciar minha amada em passeio,
Com reverência, aplausos e decoro;

E, com efeito, o céu de nuvens cheio
E os pássaros que ali passam cantando,
Ao vê-la sentem paz encher seu seio;

E as árvores e as pedras, quando a quando,
Piscam para a figura loira e bela
Que vai comigo rindo e caminhando;

Se todos à distância olham para ela,
À distância olha tu, vento mesquinho,
Olha à distância a luz que se revela

– Só eu siga ao seu lado no caminho!

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