sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O SALDO DA FÉ


A andragogia de Midiã sussurrando-lhe a expectativa além das nuvens O líder oscila como um garoto que tem de rever o lar que a puberdade obrigou a abandonar Embora isto fosse o externo Sabia que não era a ânsia pela descoberta que o afastara das terras à margem do Nilo Ele amava a sua gente Aqueles homens e mulheres queimados pelos verões Marcados pelos látegos insaciáveis Aqueles homens e mulheres Não que seria fácil mudar séculos de cultura submissa De desatenção impetuosamente forçada em relação à Lei O horizonte bordava lápis-lazúli e brasas no silêncio das montanhas Escora-se em uma colina Ao sul pode ver as massas Voltam mortificadas para Gósen Pobres almas amarguradas Como o Senhor quer que eu Justo eu As socorra Não Senhor Eu sou apenas um pastor que nunca experimentou a dor deles Jamais me vi escravo A não ser de meus impulsos Por isso tive de fugir E hoje Eis-me de volta Faça a Tua vontade O Céu acompanha o pastor do povo eleito Da corte uma insolência cabal desconsidera o seu andar semita Sua fuga sendo narrada pelos percursos aéreos de cochichos É quando ele estaciona O olhar que o monarca lança para ele contém doses de ironia e desprezo Não chega a ser um olhar direto Olho no olho Ele é um lunático que ocupa o tempo Quanta petulância Do filho de Rá Moisés e seu irmão são apoiados por expectadores ocultos Prosseguem com vozes a princípio trêmulas Depois crescentes Como o compromisso que assoma mais nítido Um compromisso com o Invisível Deus dos patriarcas Seus pais Terminam A corte suspende os arroubos de seu fausto Faraó se ergue Uma aura sinistra acompanha os contornos de seus ombros brunidos Não conheço o seu deus Tampouco deixarei que meus escravos deixem meus domínios Fulmina Os mensageiros saem Talvez não se possa falar de desânimo Eles estão Isto sim Frustrados Aos poucos percebem um quê preocupante Faraó deixaria aquela insultuosa visita sem resposta Não demora muito para que o presságio Na forma de um arrepio casual Se confirme O povo é colocado sob mais probantes condições de vexação Cenhos plúmbeos Voltam a Moisés seus olhares peçonhentamente Não chega a ser um olhar direto Antes trata-se de um olhar enviesado De quem se sente traído Machucado demais para perceber que o golpe viera de outra direção Manipulando os sentimentos escravocratas Com ardis-mestres A intenção cristalina Extirpar aquela raça Para seu inimigo não ter uma ascendência Para que Ele continue no Céu Para não ter de enfrenta-Lo Para arrastar o homem à condição de irreversível desespero Sem poder olhar diretamente a Graça a ser derramada O inimigo do rebelde conhece estas maquinações conhece o volume de lágrimas que desde Isaque a semente que leva Suas bênçãos tem vertido junto com as Suas O Comandante de milhares de anjos estende a mão Que tenha êxito o êxodo É Sua ordem E Moisés Sem ouvi-la em seu frescor luminescente Crê apenas

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