TESTANDO A DIVINDADE

Seus imensos olhos negros dão presença de espírito ao rosto pueril. A seda vermelha, encoberta por grãos de arroz e flores atirados pelo povo, dá-lhe um aspecto principesco. Mas nada destes elementos exóticos, que parecem fazer referência a filmes orientais como “O clã das adagas voadoras”, justificam que Matani Shakya seja considerada uma deusa.

A menina, de 3 anos (uma deusa precoce, perceba-se), foi elevada ao patamar divino após ser submetida a uma bateria de testes – entre as quais passar a noite em um quarto escuro cercado de cabeças de animais sacrificados, sem demonstrar medo (eu já seria reprovado, tenho que confessar!). A nepalesa Matani foi considerada por sacerdotes hindus e budistas de seu país como a encarnação da deusa Taleju, e manterá sua divindade até a puberdade. Depois, voltará a ser apenas mais uma mera mortal.[1]

O apóstolo Paulo assevera que aqueles que “tendo o conhecimento de Deus” através da natureza (ou em suas palavras, “das coisas que foram criadas”), “não o glorificaram como Deus”, passaram a ser “nulos em seus próprios raciocínios”, mudando a “glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível.” (Rm. 1:21, 20, 23). O Deus verdadeiro não é Aquele que suporta uma noite escura cercada de troféus de caça; o exclusivo Senhor do Universo foi Quem suportou a escuridão ao redor da cruz, entre monstros-humanos que o insultavam, mas aos quais amava a ponto de enfrentar a morte no lugar deles. Quem mais passaria no teste que Jesus passou?

[1] “Nepaleses elegem menina de três anos como deusa viva”, disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL789220-5602,00-NEPALESES+ELEGEM+MENINA+DE+TRES+ANOS+COMO+DEUSA+VIVA.html.